Sunday, November 16, 2008

Nina Hagen - diva germânica, primeira e única



Em 1985, ela apresentou-se no Rock in Rio, o texto abaixo mostra o que foi sua atuação:

A Blitz cometeu um erro na sua estréia no Rock in Rio: terminou sua apresentação com uma peruca estilizada. O problema é que logo depois, entrou no palco a mais louca convidada do festival de rock: Nina Hagen. E a macro-peruca vermelha de Nina fez com que os cabelinhos prateados da Blitz parecessem simples escovas de dentes. E Nina já entrou estraçalhando, confirmando que aquela seria a apresentação mais ousada de todas:

- I love you! I love you! I love you!

Ela repetiu essa declaração de amor para a platéia dezena de vezes, em cada uma usando uma das muitas vozes que se escondem em sua garganta treinada - antes de aderir ao rock, Nina estudou canto operístico.
Com uma malha-colante com desenhos geométricos, a peruca vermelha que descia pelas costas até quase a cintura, a ímpar garota de 29 anos abriu seu espetáculo inesquecível.

Logo depois, surge um problema com o sistema de som. Ela reclama com os técnicos, aos berros (Tim Maia?). A microfonia continua. Ela xinga, faz gestos obscenos, a platéia delira. Tenta cantar, mas a microfonia continua "apitando"; implora aos técnicos: "please, please!"

Aos poucos, a coisa vai se resolvendo e o show segue.
No seu cinto, bem abaixo do umbigo, está pendurado um bichinho de pelúcia. Ela avança até a frente do palco, empina o corpo para a frente e acaricia o pelo do animalzinho, que está no vértice das suas pernas. A platéia urra! Quem está mais afastado do palco não percebe direito "o que ela está alisando" ( obviamente, a Rede Globo não mostrou nem comentou esse momento do show... hehehehe).

O sensualismo não parou por aí.
Mais adiante, Nina se atira no chão e se contorce feito uma cobra. O guitarrista, careca e com um rabicho louro caindo pelas costas, acompanha os espasmos de Nina pelo chão do palco. O som vai rolando - da fúria da guitarra heavy até a pulsação eletrônica do tecno-pop.

Nina sai do palco e volta com uma gigantesca peruca branca e um maiô de couro arroxadíssimo, aumentando a carga sexual do espetáculo. Canta "God of Aquarius". Mais adiante, outra saída, nova troca de figurino, mais uma peruca - desta vez, vermelho-sangue.

Embora o público não conheça bem o repertório de Nina - ela só ficou conhecida no Brasil depois que "New York, New York" foi incluída na trilha internacional de uma novela - a receptividade é grande e parece que ela tinha certeza de que tudo ia dar certo:

- A platéia vai entender tudo. Todas as minhas letras são místicas. Têm uma mensagem. Eles vão entender tudo. Afinal, no mundo do rock, eu sou a única cantora que fala com Cristo diariamente.

A platéia parecia entender mesmo tudo que ela queria dizer com a doideira da sua música, feita de gritos, sussurros, voz áspera, guinchos e sensualidade.
Na saída do palco, ela sorria, vitoriosa:

- Agora, minha música vai fazer parte da vida dos brasileiros - confirmando isso, ao fechar dois shows em São Paulo.

Durante seus shows, nada de bebidas alcoólicas, cigarros, carnes - Nina é vegetariana, não fuma, não bebe e não gosta que ninguém desrespeite suas preferências.

- Depois de São Paulo, vou ao Peru.
Os peruanos tiveram uma princesa índia chama Nina Coua.
Sou eu.


Nina, aqui portando um look básico e simplezinho...

2 comments:

Emilio Pacheco said...

Obrigado por visitar meu blog. Já nos conhecemos do Orkut. Legal, não sabia que você tinha sido casada com o Bebeto Mohr. Lembro dele no grupo Eureka em 1981, substituindo o Paulinho.

Vera Falcão said...

Tua foto em pareceu familiar... olha, sinceramente, não lembro desse grupo (Eureka - era coisa do Leo?), mas pela data foi numa fase em que estávamos separados, então não acompanhava a vida dele; em 82 nós voltamos e depois do Sonho Solto, a gente separou de vez.