Thursday, November 13, 2008

Vivendo e aprendendo a cantar


O Boogaloo nasceu em São Leopoldo, cidade próxima à Porto Alegre.
Lá moravam os "donos da bola", Alemão e Dirceu, conhecidos da Nara, amiga que me convidou a participar do grupo. Tínhamos que ensaiar durante a semana e à noite em São Leo, pegando o "busão federal" ida e volta. Mais tarde, um clube da Capital (o Uniãozinho) nos emprestou a sede para os ensaios porque a maioria dos músicos residia aqui.
Esse clube desapareceu, assim como a maioria dos que organizavam reuniões dançantes, talvez um dos poucos que ainda está ativo seja a Casa de Portugal (na av. João Pessoa).

Assim como hoje os jovens vão a raves e idolatram DJs, na década de 70 iam a clubes sociais dançar ao som de conjuntos que faziam covers - nada de produção musical própria, o público queria xerox - quem conseguia reproduzir com mais perfeição os hits do momento era mais popular (shows ao vivo, sem maquiagem tecnológica como samplers etc).

Ouvíamos os discos até a exaustão, repetindo e repetindo a mesma faixa, estudando os detalhes, procurando cantar igualzinho à vocalista famosa.
Confesso que nunca consegui "copiar" muito bem o estilo dos outros... cantava do meu jeito e preferia músicas estrangeiras, não gostava muito do repertório nacional, com exceção de Rita Lee, Gal Costa, Caetano e Gil.

Viajávamos muito pelo interior do RS, quase sempre tocando de sexta a domingo, sem descanso. Sexta e sábado, era o trabalho pesado, cinco ou seis horas de baile e no domingo, era como a azeitona da empada, reunião dançante light, terminando pela meia-noite, porque segunda era dia de acordar cedo.
Num baile na Sogipa, repartimos o espaço com outro conjunto - o Impacto - que era o número 1 (os caras já tinham se apresentado em Portugal e isso criava uma espécie de aura mítica em volta do grupo) - na verdade, anos depois fiquei sabendo que estavam temerosos com a nossa ascensão, com medo de perder a pole position.

Quem me confessou isso foi o Salim, empresário, um cara inteligente e esperto, um vendedor de sucesso, que depois de passada a onda dos conjuntos, abriu uma casa de espetáculos - o Le Club (na Independência esquina com João Telles) - que contratou shows de grandes nomes da música, agitando de uma forma inovadora a noite portoalegrense.
Era um cara divertido, irônico, atualizado; lamentavelmente, suicidou-se.


Bye, Salim...

Bem, e aquele baile da Sogipa, com o Impacto... assunto para outro tópico!

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