Friday, November 14, 2008

Da love story ao rock progressivo


Voltando à noite do baile na Sogipa... estávamos nós, do Boogaloo, tocando em um salão e o Impacto, em outro.
Num intervalo, curiosa, fui espiar a performance da banda sobre a qual já tinha ouvido maravilhas.
O som deles era mesmo empolgante: pelo equipamento importado (ninguém tinha igual), o figurino luxuoso, a atitude superstar no palco, a quase perfeição com que reproduziam os sucessos alheios.
Mas, numa ponta do palco, uma figura especial chamou minha atenção, tocando tumbadora. A Nara já o conhecia e fez as apresentações - Bebeto Mohr. Alguma poderosa reação química ocorreu naquele momento, porque acabamos casando e tendo dois filhos.


Nosso casamento foi bastante tumultuado e não cabe aqui descrever os altos e baixos da nossa relação; digamos que houve, em síntese, uma acentuada "incompatibilidade de gênios". Não tenho interesse em analisar ou revelar detalhes da personalidade ou do caráter de ex-marido, mas destacar sua qualidade como músico: excelente e original baterista/percussionista, habilidade que foi herdada por nosso filho, Gabriel (tão - ou talvez mais - talentoso quanto o pai).


Um fato importante para meu crescimento, foi conviver com o grupo de músicos e amigos mais íntimos do Bebeto - Boca (contrabaixista), Japonês (idem), Virnei (guitarrista) e Leco (tecladista) - sendo que os dois últimos tocaram por um período no Boogaloo. Eles curtiam um tipo de música que era desconhecida até então para mim, o rock progressivo: King Crimson, Yes, Emerson, Lake and Palmer, Jethro Tull, Genesis e especialmente Biil Bruford e Billy Cobham. Ouvi-los me fez descobrir a música instrumental e o jazz.





Me sentia uma inexperiente aprendiz entre aqueles virtuosos e descolados instrumentistas, que me tratavam com gentileza e paciência.
Era um universo novo para mim; certa vez, fomos em uma boate onde o Leco tocava e fiquei boquiaberta com o ambiente, totalmente estranho para uma garota classe média, educada dentro de uma redoma.

O auge desse aprendizado ocorreu quando assiti ao Genesis e Rick Wakeman, ao vivo, no Gigantinho, foi como tocar em uma estrela inatingível. Hoje, artistas estrangeiros vêm às pencas ao Brasil, mas nos anos 70 isso era uma raridade e, ainda mais, virem a Porto Alegre/RS!

1 comment:

Ísis F. said...

Bravo! Ótima história... Pena que eu ainda não vivia nessa época.
Nossa, com tantas esperiências deve ser ótima cantora/música, não é mesmo?
Meu irmão é um sucesso mesmo.

Bjus de sua filhota.